O Ministério Público do Estado do Piauí (MP-PI), por meio da 12ª Promotoria de Justiça de Teresina, realizou, na manhã da última quinta-feira (11), uma audiência itinerante extrajudicial para acompanhar o desenvolvimento do projeto institucional “DOANDO VIDAS”, a estruturação do serviço de transplante hepático e a Linha de Cuidado do Paciente Renal Crônico no Estado, com atenção especial às deficiências no serviço de diálise peritoneal ofertado. O evento ocorreu no Hospital Getúlio Vargas, em Teresina.
Durante o encontro, o promotor de Justiça Eny Pontes discutiu as pautas com representantes do HGV, Secretaria de Estado da Saúde (SESAPI), Hospital de Urgência de Teresina (HUT), Associação dos Pacientes Renais Crônicos do Estado do Piauí (APREPI), e Central Estadual de Regulação das Internações Hospitalares (CERIH).
Eny Pontes ressaltou o avanço das doações multiórgãos no estado, destacando a necessidade de um esforço conjunto para aumentar esses números. “Não podemos perder o fio do progresso. Em 2019, tivemos o pior ano em termos de doações multiórgãos, o que me chamou a atenção. A partir daí, iniciou esse trabalho em grupo do projeto ‘Doando Vidas’.
Desde então, tivemos aumento das doações e, mesmo com a pandemia, a curva foi ascendente. Temos tudo para superar a série histórica do Piauí, contando com grande esforço para campanhas de divulgação. É um debate que merece ser explorado e ampliado. Por isso, peço sensibilidade dos gestores para que também ampliem campanhas ao longo do ano e não se limitem ao Setembro Verde. Precisamos unir forças entre instituições e sociedade para despertar a importância da doação multiórgãos”,declarou.
Maria de Lourdes Veras, coordenadora da Central de Transplantes, destacou o progresso dos transplantes de córnea no Piauí, mas apontou dificuldades no interior do estado.
A audiência também abordou a assistência hospitalar para pacientes com doença renal crônica, incluindo a diálise peritoneal e a hemodiálise. Eny Pontes enfatizou a necessidade de levantamento do número de pacientes e a qualificação da fila para otimizar a assistência, fornecimento de insumos, consultas e exames. Foi sugerida a criação de uma plataforma ou sistema que permita a filtragem específica de pacientes renais crônicos, visando organizar o fluxo.
Outros temas abordados incluíram a contratação de empresa para protocolo de morte encefálica, contratação de profissionais capacitados, fornecimento de insumos para transplantes e a aquisição de aparelhos para diagnóstico de morte encefálica.
Ao final da audiência, foi encaminhada a expedição de ofício ao Hospital Universitário, questionando a implementação da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) e marcada uma nova audiência com a Regulação estadual e municipal para discutir a triagem dos pacientes renais crônicos.