Durante um evento realizado em Oeiras, o advogado e pré-candidato à presidência da OAB-PI, Raimundo Júnior, reuniu diversos profissionais para discutir os desafios enfrentados pela advocacia no estado. No encontro, ele fez fortes críticas à situação das subseções e à politização da Ordem, enfatizando a necessidade de uma gestão voltada exclusivamente para os interesses da classe.
Raimundo Júnior destacou as dificuldades vividas pelas subseções, que, segundo ele, têm enfrentado inúmeras barreiras para se manterem ativas e oferecerem suporte aos advogados: “Só quem sabe o que uma subseção, hoje, passa para sobreviver, às dificuldades que eles têm, as humilhações diárias, o pires na mão”, afirmou. O advogado criticou o distanciamento da seccional em relação às realidades enfrentadas fora da capital.
O advogado Zezinho Carneiro reforçou o ponto, afirmando que a OAB deixou de ser uma instituição voltada à defesa dos advogados e passou a se envolver em negociações políticas: “A OAB passou a ser uma mesa de negociação. A OAB passou a viver mais o lado da política partidária do que a defesa de nós, advogados.”
A advogada Evailsa Rêgo trouxe um relato pessoal sobre a falta de compreensão da atual gestão quanto ao desrespeito sofrido pela classe. “Nosso atual presidente falou que não entendia porque a gente falava tanto em desrespeito, que advogado no Piauí não era desrespeitado. Eu disse que uma pessoa dessa, ela não advoga. Porque uma pessoa que diz que advogado é respeitado e não entende, é porque ele não entende de advocacia.”
Questionando o papel da Ordem, Raimundo Júnior refletiu sobre a direção que a OAB-PI tomou nos últimos anos: “Eu até fiquei ultimamente me questionando: o que é que virou o sistema OAB? Nós ainda continuamos sendo uma classe? Ou nós viramos uma casa de políticos, como disse o Zézinho.”
O evento contou também com a participação de Fidelmam Fontes, que lamentou a falta de apoio da seccional aos advogados nos últimos anos, mas ressaltou a importância do esforço coletivo dos profissionais da advocacia: “Fomos bastante esquecidos pela seccional ao longo desses últimos anos… Mas sem a ajuda coletiva de cada colega aqui, nada disso seria possível. Eu quero registrar aqui toda a nossa gratidão.”
Ian Cavalcante, em sua fala, destacou a importância do respeito às prerrogativas dos advogados e da compreensão das dificuldades do dia a dia da profissão: “Enquanto quem gerencia a nossa Ordem não souber a importância do que significa um saque de RPV e um cumprimento de alvará, não vai saber o que é a advocacia. Nós queremos ter dignidade, dignidade de advogar, queremos respeito às nossas prerrogativas.”
A advogada Jordana Moura também reforçou o apelo por uma advocacia mais unida e combativa em defesa de seus próprios direitos: “Nós estamos acostumados a lutar pela justiça dos nossos clientes, e por que não lutamos por nós mesmos, por nossas prerrogativas?”
Encerrando o evento, Raimundo Júnior reforçou a necessidade de uma gestão que compreenda as reais necessidades da advocacia e destacou a importância dos honorários para a sobrevivência da classe: “A gente não vive de sede, a gente não vive de foto… Sabe do que é que a gente vive? Honorários, honorários.”
O evento em Oeiras reflete o crescente clima de insatisfação entre os advogados do Piauí, que se mobilizam em torno das eleições da OAB-PI, marcadas para novembro. Raimundo Júnior tem se destacado como uma das principais vozes da oposição, prometendo uma gestão mais próxima dos advogados e voltada para a valorização da classe.