O Ministério Público do Trabalho no Piauí (MPT/PI) sediou um evento significativo organizado pelo Fórum de Combate ao Trabalho Infantil. O encontro reuniu conselheiros tutelares de três municípios piauienses e Jovens Aprendizes do Governo do Estado, com a finalidade de discutir e intensificar as ações de combate ao trabalho infantil no estado.
A ocasião contou com a presença de representantes de diversas instituições da administração pública, como a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a Secretaria Municipal de Assistência Social e Políticas Integradas (SEMCASPI), a Secretaria Estadual da Assistência Social (SASC), entre outros.
O Brasil ainda luta para erradicar o trabalho infantil. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2022, divulgada em 2023, aproximadamente 1,8 milhão de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos estavam em situação de trabalho infantil. A maioria dessas crianças trabalha na agricultura, no comércio informal e em atividades domésticas, muitas vezes em condições perigosas e insalubres.
Durante o evento, Edno Carvalho, Procurador do Trabalho, destacou o papel crucial do MPT- PI no combate ao trabalho infantil e a relevância de iniciativas como a do Fórum de Combate ao Trabalho Infantil.”O Ministério Público do Trabalho, especificamente a Coordenadoria Nacional de Combate ao Trabalho Infantil e de Promoção e Defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes (COORDINFÂNCIA) tem um papel crucial na erradicação do trabalho infantil, atuando firmemente na fiscalização e implementação de políticas que protejam nossas crianças e adolescentes. Movimentos como o Fórum de Combate ao Trabalho Infantil são essenciais, pois promovem a conscientização e mobilização da sociedade”, salientou.
Em seu pronunciamento, o Procurador exemplificou as mais variadas formas de exploração, até as menos conhecidas como o trabalho artístico, desempenhado por “Influencers Mirins”, atores e cantores, que é considerado trabalho infantil e proibido. Além disso, explicou a abrangência legal da modalidade Jovem Aprendiz, que é o trabalho com metade da carga horária que pode ser desempenhado por adolescentes de 14 a 18 anos. “A aproximação dos menores aprendizes com o MPT é de extrema importância. Ela não só fortalece o entendimento sobre os direitos trabalhistas desde cedo, mas também cria um vínculo de confiança e segurança para esses jovens, garantindo que eles estejam em ambientes de trabalho dignos e educativos”, pontuou.
A roda de diálogo contou com a participação de mais de 30 jovens aprendizes, que contribuíram para o debate expressando suas necessidades, dúvidas e experiências. A estudante Brenda Oliveira (18) é menor aprendiz da Rede Nacional de Aprendizado, Promoção Social e Integração (RENAPSI) e desempenha funções como auxiliar administrativa.
Segundo ela, a iniciativa aproxima os jovens de seus direitos e os ajuda a identificar se estão desempenhando um trabalho digno ou não.“A ideia do evento foi muito boa. É essencial termos esses espaços para discutir e entender melhor as ações de combate ao trabalho infantil. Como menores aprendizes, estamos trabalhando da maneira correta, pois conseguimos conciliar o trabalho com os estudos. Esse evento mostra que existe um esforço em garantir que os jovens possam ter experiências de trabalho dignas e educativas. É importante ver que há um compromisso em promover o aprendizado e a proteção dos direitos dos jovens no Piauí” comentou.
De acordo com Ricardo Oliveira, Coordenador Municipal de Ações Estratégicas do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (AEPETI) e membro do Fórum Estadual de Combate ao Trabalho Infantil, a iniciativa tem como principal objetivo estabelecer metas práticas para a erradicação gradual do trabalho infantil irregular, melhorar as condições e expandir as oportunidades de trabalho dos jovens aprendizes articulados com a educação e aprendizado profissionalizante.
“Este evento é crucial para chamar a atenção para os malefícios do trabalho infantil. Precisamos articular maneiras de proporcionar um trabalho digno que envolva educação e aprendizado profissional. Discutir e planejar ações que integrem a educação formal e a formação profissional é essencial para garantir que nossos jovens tenham um futuro promissor. É através de esforços coletivos como este, que podemos criar um ambiente onde os jovens possam se desenvolver plenamente, protegidos de qualquer forma de exploração” ressaltou.
O trabalho infantil prejudica o desenvolvimento físico, mental e emocional das crianças. Além de contribuir para a perpetuação do ciclo de pobreza, uma vez que impede o acesso à educação de qualidade e limita as oportunidades futuras. O combate ao trabalho infantil é essencial para garantir os direitos fundamentais das crianças e adolescentes, promovendo um futuro mais justo e igualitário.
O evento reforça o compromisso de todos os envolvidos em continuar a trabalhar incansavelmente para erradicar o trabalho infantil no Piauí e em todo o Brasil. É imprescindível que a sociedade como um todo esteja atenta a qualquer tipo de violação dos direitos da infância.