Na semana passada, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Santana, um distrito de São Paulo, estabeleceu a “Comissão dos Advogados Masculinos”. Segundo o presidente da subseção, Peter Souza, a meta é eliminar o estupro e a violência doméstica, além de debater sobre a saúde dos advogados masculinos e os cuidados com a família. Kevork Vorperian, um advogado, será o presidente da comissão.
A decisão gerou uma reação adversa, levando o Conselho Pleno da OAB/SP a aprovar o envio de um documento à subseção solicitando esclarecimentos. A medida foi vista como um retrocesso e resultou na elaboração de um manifesto.
O documento argumenta que, ao contrário da recém-criada Comissão dos Advogados Masculinos, a Comissão da Advogada Feminina tem raízes históricas e sociais firmes e serve como um mecanismo para alcançar o equilíbrio, não a supremacia. A comissão masculina, por outro lado, não teria apresentado nenhuma proposta inovadora.
O manifesto ressalta que vivemos em uma sociedade machista onde as mulheres ainda recebem salários inferiores para trabalhos idênticos. “A Comissão do Homem Advogado aprofunda o preconceito e a cultura misógina já existente em nossa sociedade, inaceitáveis dentro da OAB, instituição que tem o dever de defender a Constituição e promover uma sociedade igualitária.’’
Em resposta à reação, a OAB Santana emitiu uma declaração oficial afirmando que a criação da Comissão do Homem foi necessária para atender às necessidades dos homens, sem retirar quaisquer necessidades das mulheres.
“Não se trata de segregar ou silenciar as mulheres, como manifestado, tampouco aumentar a disparidade entre homens e mulheres. (…) É sabido que a saúde da mulher é largamente debatida e exigida, no entanto, a saúde do homem é tratada de forma limitada, de modo que é lembrada somente no mês novembro para tratar da próstata.”
A declaração afirma que os homens vivem, em média, sete anos a menos do que as mulheres e destaca a questão da saúde mental dos homens, “que estão submetidos à pressão social própria do sexo masculino”. “É imperativo enfrentar que a violência doméstica está diretamente ligada à saúde mental do homem, tornando evidente a necessidade de criação de políticas públicas voltadas à prevenção de transtornos mentais nos homens.”
Com informações Migalhas.