Nota | Penal

Julgamento de P. Diddy por tráfico sexual tem início com seleção do Júri em Nova York

O artista enfrenta cinco acusações formais, entre elas tráfico sexual, transporte para fins de prostituição, conspiração para extorsão e sequestro. Caso seja condenado em todas as frentes, pode pegar pena mínima de 15 anos, com possibilidade de prisão perpétua.

Foto: Reprodução.

Nesta segunda-feira (05/05), o rapper Sean “Diddy” Combs, também conhecido como P. Diddy, compareceu ao Tribunal Federal do Distrito Sul de Nova York, onde teve início o processo de seleção do júri que decidirá seu destino em um dos casos criminais mais emblemáticos e controversos da indústria do entretenimento nos últimos anos.

O artista enfrenta cinco acusações formais, entre elas tráfico sexual, transporte para fins de prostituição, conspiração para extorsão e sequestro. Caso seja condenado em todas as frentes, pode pegar pena mínima de 15 anos, com possibilidade de prisão perpétua.

Acusações e escândalos

As investigações revelam que Diddy teria usado a estrutura de sua empresa, Combs Enterprises, para organizar festas privadas conhecidas como “Freak Offs”, descritas pelo Ministério Público como encontros prolongados com uso intenso de drogas, presença de prostitutas e gravações não autorizadas de atos sexuais. As denúncias vieram à tona após a ex-namorada do rapper, a cantora Cassie Ventura, apresentar uma ação judicial em novembro de 2023 — encerrada em menos de 24 horas por meio de um acordo extrajudicial. A exposição, no entanto, desencadeou uma onda de novas denúncias.

Desde então, Diddy se tornou réu em 63 processos movidos por 63 pessoas — entre elas músicos, participantes de reality shows e pessoas ligadas ao mundo do entretenimento. As denúncias incluem abuso sexual, exploração, violência doméstica, tráfico de drogas e até estupro coletivo.

Segundo os promotores, armas ilegais foram encontradas nas residências do artista, além de indícios de suborno, intimidação de testemunhas e obstrução de investigações.

Processo judicial

A etapa de seleção do júri — conduzida pelo juiz federal Arun Subramanian — ocorre por meio de entrevistas individuais com cerca de 150 candidatos previamente selecionados, com o objetivo de compor um grupo de 12 jurados titulares e seis suplentes. A identidade dos jurados será mantida sob sigilo, uma prática comum em julgamentos de alta repercussão.

As declarações iniciais do julgamento estão previstas para o próximo dia 12 de maio.

Testemunhas e provas

A principal testemunha da acusação é Cassie Ventura, que relatará episódios de abuso durante o relacionamento com Diddy. Também prestarão depoimento outras três mulheres, sob pseudônimos, para preservar suas identidades. Uma das provas mais fortes é um vídeo de 2016, que mostra o rapper agredindo fisicamente Cassie em um hotel.

Estratégia da Defesa

A defesa de Diddy, liderada pelo advogado Marc Agnifilo, alega que todos os atos sexuais ocorreram de forma consensual e que o cliente apenas adotava um “estilo de vida alternativo” — o chamado “swinger”. A equipe jurídica tentará demonstrar que não há crime nos comportamentos relatados, apesar das alegações das vítimas.

Detenção e documentário

Diddy está preso desde setembro de 2024, após uma operação conduzida pelo Departamento de Segurança Interna. A prisão ocorreu em um hotel de Nova York, e buscas subsequentes em suas casas, em Los Angeles e Miami, resultaram na apreensão de milhares de frascos de óleo corporal e lubrificantes.

Paralelamente ao julgamento, o documentário “Diddy: Como Nasce um Bad Boy”, disponível na plataforma Max, oferece uma visão detalhada sobre os abusos atribuídos ao rapper. A produção reúne depoimentos de vítimas, ex-parceiras e ex-funcionários, além de relembrar tragédias como a morte de nove pessoas durante um evento beneficente promovido por ele nos anos 1990.