O grupo Brics, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, anunciou durante sua 15ª cúpula, realizada em Joanesburgo, um processo de expansão com a adesão de novos membros. O Egito, junto com a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Argentina, Irã e Etiópia, foram convidados a ingressar no grupo como membros plenos a partir de 1º de janeiro de 2024.
A Argentina emerge como uma inclusão singular no grupo Brics, sendo o único país da América Latina a ser admitido nesta rodada de novas adesões. O respaldo explícito do ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva contribuiu significativamente para a entrada do país no bloco.
Com uma população estimada em 45 milhões de habitantes e um Produto Interno Bruto (PIB) per capita de US$ 10,6 mil, segundo dados do Banco Mundial, a Argentina apresenta um cenário econômico que se destaca na região. De acordo com a Freedom House, a Argentina é classificada como um país “livre”, alcançando uma pontuação de 85, a terceira maior na América do Sul.
O governo argentino relatou um crescimento de 5,2% em seu PIB no ano de 2022, situando-se entre os países de maior crescimento na América do Sul. No entanto, é importante observar que a Argentina enfrenta uma crise econômica persistente, com altas taxas de inflação. Em agosto deste ano, o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos da Argentina (Indec) anunciou que a inflação havia atingido a marca de 113,4% no acumulado de 12 meses.
O país é governado pelo presidente Alberto Fernández, que possui uma orientação política de centro-esquerda. Uma das incertezas que circundavam a adesão da Argentina ao Brics era o cenário político futuro do país. Com eleições presidenciais marcadas para outubro deste ano, o atual presidente não está buscando a reeleição. Nas prévias das eleições argentinas, o candidato mais votado foi Javier Milei, um liberal de direita crítico ao governo atual. Milei obteve 30% dos votos nas primárias e defende medidas consideradas radicais, como a dolarização da economia e a extinção do Banco Central.
A admissão da Argentina no Brics, portanto, ocorre em um contexto político e econômico desafiador, com a possibilidade de mudanças significativas no cenário político do país no horizonte. A inclusão da Argentina no grupo representa um passo importante na expansão do Brics para além de suas nações fundadoras, e as dinâmicas desse novo membro podem desempenhar um papel crucial no futuro do bloco.