O Ministério da Saúde, em parceria com a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, divulgou os resultados do Projeto Pipas – Primeira Infância Para Adultos Saudáveis, revelando que 10,1% das crianças com menos de 3 anos no Brasil enfrentam um risco de desenvolvimento abaixo do esperado. A pesquisa examinou fatores socioeconômicos que influenciam esse risco e apresentou dados alarmantes.
Influência das Condições Socioeconômicas no Desenvolvimento Infantil
A coordenadora de Saúde da Criança e do Adolescente, Sônia Venâncio, destacou a correlação entre as condições socioeconômicas e o desenvolvimento infantil, afirmando que esses resultados fornecem informações valiosas para aprimorar ações em saúde, educação e assistência social, buscando melhorar o desenvolvimento das crianças e destacando o impacto das desigualdades sociais nesse contexto.
Frequência de Crianças em Risco de Desenvolvimento
A pesquisa utilizou uma amostra de 13.425 crianças menores de 5 anos em 13 capitais, incluindo o Distrito Federal, em 2022. Os dados mostraram que 10,1% das crianças menores de 3 anos e 12,8% das crianças com mais de 3 anos correm o risco de não atingir seu pleno potencial de desenvolvimento, ressaltando a necessidade de priorizar crianças em situação de vulnerabilidade.
Saúde e Nutrição Adequada
Os resultados revelaram que 14,8% das crianças não receberam atendimento de uma equipe de saúde em sua primeira semana de vida, uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, com impacto direto na mortalidade e nas taxas de amamentação. Além disso, apenas 57,8% das crianças com menos de 6 meses estavam em aleitamento materno exclusivo, contrariando as recomendações da OMS e do Ministério da Saúde.
Aprendizagem e Tempo de Tela
A pesquisa destacou que 24% das crianças com menos de 3 anos não tinham acesso a livros infantis ou de figuras em seus lares. Além disso, 33,2% das crianças assistiam a programas de televisão, jogos em smartphones ou tablets por mais de duas horas diárias.
Disciplinas Punitivas e Estimulação
Os resultados também mostraram que 33% e 35% dos cuidadores de crianças com menos de 3 anos consideravam medidas disciplinares como gritos e palmadas como necessárias para educá-las. No entanto, 75,6% das crianças dessa faixa etária foram envolvidas em atividades de estímulo por outros membros da família, como leitura, contação de histórias, canto e brincadeiras.
Falta de Informações sobre Desenvolvimento Infantil
A pesquisa apontou que 42,8% dos cuidadores de crianças com menos de 3 anos nunca receberam informações sobre desenvolvimento infantil por parte de profissionais da saúde, educação ou assistência social, ressaltando a necessidade de ações intersetoriais para abordar essa lacuna.
Fonte: Alepi.