O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) emitiu comunicado de repúdio em relação ao desfile da escola de samba Vai-Vai durante a segunda noite do Carnaval paulistano, ocorrida em 10 de fevereiro. O Sindpesp expressou descontentamento pela representação que, segundo eles, demonizou a polícia ao retratar agentes com chifres e outros elementos no Anhembi, Zona Norte da capital paulista.
O enredo da Vai-Vai, intitulado “Capitulo 4, Versículo 3 – Da rua e do povo, o Hip Hop – Um manifesto paulistano,” abordou o hip hop de São Paulo e contou com a participação de Mano Brown e KL Jay, dos Racionais MC’s. O Sindpesp focalizou sua crítica na ala denominada “Sobrevivendo no Inferno,” na qual agentes com escudo escrito “Choque” foram retratados com chifres e asas vermelhas.
A nota do Sindpesp destacou que, ao adotar esse enredo, a escola de samba, em nome da “arte” e da liberdade de expressão, desafia as forças de segurança pública. O sindicato lamentou a utilização do Carnaval para transmitir uma mensagem que considera uma inversão de valores, capaz de humilhar os agentes da lei. Adicionalmente, solicitou que a Vai-Vai reconheça o exagero e emita uma retratação pública.
Por sua vez, a Vai-Vai defendeu-se, afirmando que não tinha a intenção de promover ataques ou provocação. A escola argumentou que seu desfile buscou homenagear o álbum “Sobrevivendo no Inferno,” lançado pelos Racionais MC’s na década de 1990. Segundo a escola, esse recorte histórico visava contextualizar a segurança pública em São Paulo na época, destacando altos índices de mortalidade na população preta e periférica, assim como a marginalização dos precursores do movimento hip hop, que enfrentavam repressão e prisões.
A Vai-Vai assegurou que a ala em questão não tinha a intenção de provocar ataques individuais, mas sim de inserir o álbum e os acontecimentos históricos em seu desfile, respeitando a liberdade e ludicidade proporcionadas pelo Carnaval.
O comunicado completo da Vai-Vai, divulgado em 2024, esclareceu o enredo do desfile, destacando recortes históricos e a importância do álbum “Sobrevivendo no Inferno” no rap brasileiro. A escola reiterou que sua intenção era homenagear o movimento hip hop, sem promover hostilidades específicas.