A Polícia Federal (PF) formalizou o indiciamento da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e do hacker Walter Delgatti Neto no inquérito relacionado às invasões nos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O objetivo da ação criminosa consistia na inserção de um mandado de prisão falso contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, além de 11 alvarás de soltura falsos. Conforme a investigação, Zambelli teria efetuado um pagamento no valor de R$ 40 mil a Delgatti para que este invadisse o sistema do CNJ e inserisse os documentos fraudulentos.
No documento apresentado à imprensa, a PF imputa a Carla Zambelli os crimes de invasão de dispositivo informático qualificado e falsidade ideológica. Walter Delgatti Neto foi indiciado pelos delitos de invasão de dispositivo informático qualificado, falsidade ideológica, falsa identidade e denunciação caluniosa.
A próxima etapa consistirá no encaminhamento do relatório à Procuradoria-Geral da República (PGR), incumbida de deliberar sobre a viabilidade de apresentar ou não denúncia contra a parlamentar.
Em resposta, a defesa de Zambelli repudiou a conclusão da PF, classificando-a como “arbitrária”. A nota destaca que a interpretação das autoridades policiais não evidencia adesão ou colaboração da deputada, salientando a ausência de encaminhamento a terceiros e a inexistência de repasses de valores a terceiros.
A defesa de Walter Delgatti informou não ter sido surpreendida pelo indiciamento. O advogado Ariovaldo Moreira afirmou que desde a prisão, seu cliente confessou a participação na invasão do CNJ. Além disso, alegou que o indiciamento de Carla Zambelli confirma a colaboração de Delgatti com a justiça, conduzindo a PF até a suposta mandante e financiadora dos atos perpetrados.
Relembre o Caso: A PF conduziu uma operação em agosto do ano passado, que teve como alvos a deputada e o hacker. Na ocasião, Zambelli negou ter contratado Delgatti para atividades criminosas, alegando que os pagamentos efetuados a ele correspondiam a serviços para seu site, no valor de R$ 3 mil.
Delgatti ganhou notoriedade pelo episódio da “Vaza Jato”, ao invadir telefones de autoridades vinculadas à Operação Lava Jato e divulgar conversas entre membros da força-tarefa. Em depoimento à PF, afirmou que Zambelli o contratou por R$ 40 mil para manipular urnas eletrônicas e inserir um mandado de prisão contra Moraes no sistema do CNJ. A deputada admitiu à PF ter intermediado um encontro entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o hacker, inocentando Bolsonaro de qualquer envolvimento criminoso com Delgatti.