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CASO MIGUEL: MÃE E MADRASTA RECEBEM SENTENÇA DE MAIS DE 50 ANOS DE PRISÃO POR MORTE DE MENINO

Mãe e madrasta condenadas a mais de 50 anos de prisão pelo crime de tortura e homicídio de Miguel.

Equipe Brjus

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Mãe e madrasta condenadas a mais de 50 anos de prisão pelo crime de tortura e homicídio de Miguel.

Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues e Bruna Nathiele Porto da Rosa foram condenadas por tortura, homicídio e ocultação de cadáver de Miguel dos Santos Rodrigues, de sete anos.

A sentença foi proferida na sexta-feira, 05/04/2024, após dois dias de julgamento em Tramandaí. O crime aconteceu em 2021 na cidade de Imbé, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul.

A mãe de Miguel, Yasmin, recebeu uma condenação de 57 anos, 1 mês e 10 dias de prisão pelos três crimes. Já Bruna, a madrasta, foi condenada a 51 anos, 1 mês e 20 dias de prisão pelos mesmos delitos. Ambas permanecem detidas, mas têm o direito de recorrer da decisão.

O crime ocorreu no final de julho de 2021, quando o corpo de Miguel teria sido colocado em uma mala e jogado no Rio Tramandaí. O menino nunca foi encontrado. As duas acusadas estão detidas preventivamente desde então.

Relembre o Crime:

O promotor André Luiz Tarouco Pinto explicou aos jurados do que as rés são acusadas: tortura na modalidade “castigo”, homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima, e ocultação de cadáver.

Segundo o Ministério Público, as duas são responsáveis pelas agressões que Miguel sofria. Durante o depoimento à Justiça, elas se acusaram mutuamente.

O MP mostrou aos jurados um caderno em que Miguel era obrigado pela mãe a escrever frases autodepreciativas. “Eu não presto”, “eu sou ruim”, “não mereço a mamãe que eu tenho” são algumas delas.

O promotor André Pinto também revelou que a perícia no celular de uma das rés identificou pesquisas feitas na internet, como “digitais humanas saem na água salgada do mar”.

Os Advogados Pediram Condenações Mais Brandas:

A advogada Thaís Constantin, que representou Yasmin, sustentou aos jurados que sua cliente não agiu com intenção de matar o filho.

“Deve ser condenada pelo homicídio? Deve, mas homicídio culposo, não doloso. O dolo direto, a intenção dela. Nessa cadeia sucessiva de atos, passa muito longe do que Yasmin fez. Muito longe”, disse.

Em seguida, a defesa de Bruna iniciou sua manifestação. O advogado Ueslei Natã Dias Boeira também pediu a condenação de sua cliente, mas apenas pelos crimes de tortura e ocultação de cadáver.

“Ela tem que ser condenada com base naquilo que ela fez. E o que que a Bruna fez? Já antecipo que a defesa vai pedir a condenação da Bruna pela tortura e pela ocultação do cadáver”, afirmou o advogado.

No Primeiro Dia de Julgamento:

No primeiro dia, as duas rés, Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues e Bruna Nathiele Porto da Rosa, foram interrogadas.

Yasmin admitiu ter agredido o filho e dado uma dose de remédio que o deixou desacordado no dia da morte. Questionada pela própria defesa se merecia ser condenada, Yasmin respondeu: “óbvio”. Ela chorou durante o interrogatório.

“Eu sou um monstro. Na verdade, eu sou muito monstro. Porque, se eu estou aqui hoje, é porque eu errei pra caramba. Se eu tô aqui, tá todo mundo aqui, é porque eu fui péssima como mãe, como ser humano. Mas eu jamais imaginei que que ela pudesse fazer isso”, desabafou.

Já Bruna admitiu participação na tortura psicológica e na ocultação do cadáver de Miguel. Ela também afirmou que acompanhou Yasmin no momento em que o corpo do menino foi lançado no Rio Tramandaí.

“Eu tenho a ver com a tortura e a ocultação, a morte não”, afirmou.

O júri também ouviu testemunhas do caso, incluindo policiais militares que atenderam a ocorrência.

Com informações Amo Direito.