Começou ontem, segunda-feira, 16 de setembro, a nova fase da operação nacional de combate ao desmatamento no bioma da Mata Atlântica, abrangendo 17 estados brasileiros, incluindo o Piauí. A operação, denominada “Mata Atlântica em Pé”, está sob a coordenação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e da Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (ABRAMPA). As atividades de fiscalização prosseguirão até o dia 27 de setembro, quando serão contabilizadas as áreas desmatadas e infrações ambientais identificadas.
Em sua sétima edição, essa operação conjunta mobiliza Ministérios Públicos estaduais e diversos órgãos ambientais, promovendo uma atuação coordenada e eficaz contra a degradação da Mata Atlântica. No Piauí, participam o Ministério Público Estadual, o Batalhão de Polícia Ambiental, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e o IBAMA. As ações ocorrem em municípios como Teresina, José de Freitas, Barras e diversas outras localidades do estado.
A promotora de Justiça Áurea Emília Bezerra Madruga, coordenadora do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente (Caoma), destacou a importância da participação do Piauí na operação nacional, reforçando a necessidade de conscientização sobre a existência da Mata Atlântica no estado. “É importante a presença do Piauí em um evento nacional como este, pois é uma oportunidade para sedimentar o entendimento sobre a existência da Mata Atlântica no nosso Estado e para chamar a atenção da sociedade e das demais autoridades quanto à necessidade urgente de se preservar os resquícios dos ecossistemas associados a esse Bioma no território piauiense e, para além disso, exigir a recomposição das áreas degradadas de forma ilegal, conjugada à tolerância dos responsáveis”, afirmou.
Em 2023, a operação identificou 17.931 hectares de vegetação nativa suprimida ilegalmente na Mata Atlântica, um aumento significativo em relação aos 11.900 hectares registrados em 2022. Ao todo, foram fiscalizados 1.399 polígonos, resultando em multas que somam cerca de R$ 82 milhões. Além do Piauí, estados como Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo e São Paulo integram a operação.
As equipes de fiscalização utilizam a tecnologia do projeto MapBiomas, que oferece imagens de satélite em alta resolução para detectar áreas de degradação. Desde 2019, esse recurso tem sido fundamental na identificação de ilícitos ambientais, permitindo autuações imediatas e responsabilização nas esferas cível e criminal, além das sanções administrativas.
O Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, atualizado em maio deste ano, aponta uma redução de 27% no desmatamento, com a perda de 14.697 hectares de florestas nativas entre 2022 e 2023, o equivalente a 14 mil campos de futebol. Apesar da diminuição, os estados do Piauí, Minas Gerais, Bahia e Mato Grosso do Sul concentram 90% das perdas de vegetação, sendo o Piauí responsável por 6.192 hectares desmatados.
O promotor Alexandre Gaio, presidente da ABRAMPA, ressaltou que a operação consolidou uma cultura de fiscalização no bioma, fortalecendo o combate ao desmatamento ilegal e contribuindo para a redução das emissões de carbono. “O uso de inteligência e o constante engajamento das instituições têm sido cruciais para a preservação da Mata Atlântica e o enfrentamento das mudanças climáticas”, declarou.
Ao final da operação, em 27 de setembro, os resultados serão divulgados em uma transmissão online, com informações disponibilizadas previamente pela Assessoria de Comunicação do MPMG.