Um sombrio alerta ecoa sobre a região contestada de Nagorno-Karabakh, onde uma crise humanitária alarmante se desenrola. Luis Moreno Ocampo, ex-procurador-chefe do Tribunal Penal Internacional (TPI), levanta a voz para denunciar uma potencial tragédia de proporções genocidas. Em uma carta de opinião contundente, Ocampo argumenta que há uma “base razoável para acreditar que um genocídio está sendo cometido contra os armênios” na região. Apesar de não haver evidências clássicas como crematórios ou ataques de facão, o genocídio invisível é travado através da fome, uma arma silenciosa que ameaça dizimar essa comunidade em semanas, caso não haja uma intervenção imediata.
Nagorno-Karabakh, situada entre a Europa Oriental e a Ásia Ocidental, é uma área sem litoral que tem sido o epicentro de uma contenda entre Armênia e Azerbaijão por décadas. Com uma população majoritariamente armênia, essa região é internacionalmente reconhecida como parte do Azerbaijão, mas a identidade e a história armênia enraizaram-se profundamente em suas terras. O ex-procurador-chefe, que serviu no TPI até 2012, adverte que, a menos que ocorra uma mudança dramática, os armênios de Nagorno-Karabakh estão à beira da extinção.
O chamado de Ocampo é ecoado pela comunidade internacional, incluindo especialistas das Nações Unidas que instam o Azerbaijão a suspender o bloqueio no corredor Lachin. Esse corredor é a única ligação entre Nagorno-Karabakh e a Armênia, e sua obstrução tem resultado em uma crise humanitária assustadora. O ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) emitiu um comunicado urgente, denunciando a escassez de alimentos, medicamentos e produtos de higiene na região. A falta de itens essenciais como óleo de girassol, peixe, frango, laticínios, cereais, açúcar e fórmula infantil gera um cenário desolador, agravado pela rápida exaustão dos suprimentos médicos.
Em um apelo conjunto, o ACNUR exorta o governo do Azerbaijão a cumprir suas obrigações internacionais na proteção dos direitos humanos. Além disso, há um chamado à ação para as forças russas de manutenção da paz na região, a fim de garantir a segurança e o acesso ao corredor Lachin, de acordo com o acordo de cessar-fogo firmado em novembro de 2020. A prioridade é clara: preservar a dignidade, a segurança e o bem-estar dos indivíduos em meio a esta situação crítica.
Enquanto a diplomacia internacional se intensifica para encontrar soluções e evitar uma tragédia humana de proporções catastróficas, a situação em Nagorno-Karabakh permanece tensa e urgente. A voz do ex-procurador-chefe do TPI ecoa como um lembrete sombrio das consequências devastadoras que a inação pode acarretar. A fome invisível e a crise humanitária que avançam devem ser enfrentadas com urgência, em respeito aos valores humanitários fundamentais e ao direito à vida.