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Conhecendo os novos membros do BRICS – Arábia Saudita

O Brics, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, planeja expandir-se com a adesão de Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Argentina, Irã e Etiópia. A entrada da Arábia Saudita gera debate devido à sua economia robusta e recursos petrolíferos, mas também às críticas em relação aos direitos humanos. A decisão terá implicações geopolíticas complexas.

Rony Torres

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O grupo Brics, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, anunciou durante sua 15ª cúpula, realizada em Joanesburgo, um processo de expansão com a adesão de novos membros. O Egito, junto com a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Argentina, Irã e Etiópia, foram convidados a ingressar no grupo como membros plenos a partir de 1º de janeiro de 2024.

A Arábia Saudita, considerada um dos países com maiores chances de ingressar no Brics, tem sido objeto de análise atenta devido a diversos fatores, incluindo sua população, economia, recursos petrolíferos e questões de direitos humanos.

Com uma população de 35 milhões de habitantes, o país apresenta uma renda per capita de US$ 23 mil (R$ 115 mil) por ano, significativamente superior à renda per capita brasileira, que é de US$ 8,92 mil (R$ 44,5 mil).

Segundo o Banco Mundial, a economia saudita registrou um notável crescimento de 7,3% em 2022, impulsionado em grande parte pelas receitas do petróleo, que aumentaram ao longo do ano passado. No entanto, as perspectivas para 2023 indicam uma desaceleração do crescimento, influenciada pela queda nos preços do petróleo.

A Arábia Saudita é conhecida por ser um dos países mais ricos em reservas de petróleo no mundo, com cerca de 267 bilhões de barris, ficando atrás apenas da Venezuela, com 303 bilhões de barris, de acordo com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

No cenário geopolítico, o país é um dos principais aliados dos Estados Unidos no Oriente Médio, o que pode sugerir uma possível aproximação estratégica entre o Brics e um parceiro estratégico dos EUA, contrabalançando a influência norte-americana na região.

Contudo, a Arábia Saudita enfrenta críticas internacionais relacionadas a questões de direitos humanos. O príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, considerado o líder de fato do país, tem sido alvo de controvérsias, incluindo alegações de violações de direitos humanos e seu suposto envolvimento no assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi em 2018.

A Anistia Internacional e outras organizações de direitos humanos têm denunciado o país por julgamentos sumários de oposicionistas e violações de direitos fundamentais, especialmente em relação às mulheres, que, segundo relatórios, necessitam de autorização masculina para se casarem.

Além disso, acusações recentes de assassinato em massa de migrantes ao longo da fronteira com o Iêmen aumentaram as preocupações internacionais. A Freedom House classifica a Arábia Saudita como um país “não-livre”, com uma pontuação de apenas 8 em uma escala que varia de 0 (menor liberdade) a 100 (maior liberdade).

A decisão de incluir a Arábia Saudita como membro pleno do Brics, se confirmada, será acompanhada de perto por observadores internacionais devido a esses fatores complexos e multidimensionais que envolvem o país.

RONY TORRES

Rony Torres é graduado em Direito pelo Centro Universitário Santo Agostinho. Advogado, Pesquisador do Tribunal Penal Internacional, Diretor jurídico do grupo Eugênio, Especialista em direito do Trabalho e Processo do Trabalho pela Faculdade Damásio de Jesus, Pós graduado em Direito Constitucional e administrativo pela Escola Superior de Advocacia do PI, Especialista em Direito Internacional pela UNIAMERICA, pós-graduado em Direito Penal e Processo Penal pela ESA-PI, graduando em advocacia trabalhista e previdenciária pela ESA-MA