O governo de Nicolás Maduro emitiu um comunicado acusando a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) de atuar como uma entidade “mercenária” dos Estados Unidos. Essa declaração ocorre após a CIDH, que faz parte da Organização dos Estados Americanos (OEA), questionar a intervenção do ditador nas diretorias da Cruz Vermelha e do Partido Comunista da Venezuela (PCV).
A nota oficial do regime venezuelano afirma que eles “rechaçam as últimas decisões do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), que contrariam a liberdade de associação ao destituir o comitê diretivo da Cruz Vermelha e designar uma ‘junta de reestruturação’ para assumir suas atividades. Da mesma maneira, a decisão judicial que derrubou a liderança do Partido Comunista, colocando arbitrariamente uma junta diretiva”.
Em resposta, o chanceler venezuelano, Yván Gil, usou a rede social Twitter para afirmar que o governo de Maduro discorda veementemente da “nota lamentável” da CIDH e acusa a comissão de atuar como porta-voz dos Estados Unidos no território venezuelano, comportando-se de maneira “mercenária”.
Desde sua reeleição em 2018, em eleições amplamente consideradas fraudulentas pelos Estados Unidos e outros países, Nicolás Maduro ordenou a saída da Venezuela da OEA. Essa decisão foi motivada pelo fato de o secretário-geral da organização, Luis Almagro, não ter reconhecido sua vitória nas urnas.
Além das questões políticas e diplomáticas, a Venezuela enfrenta acusações de desrespeito aos direitos humanos. A ONG Foro Penal relata que o país tem 113 presos políticos, dos quais 288 estão detidos há mais de três anos sem condenação. A organização entregou uma lista com os nomes desses presos ao Tribunal Penal Internacional (TPI). Maduro também teve um pedido negado pelo TPI no mês passado para suspender investigações sobre crimes contra a humanidade durante seu regime ditatorial.
Os opositores políticos acusam o governo de perseguição política, incluindo o uso de violência e intimidação. Um exemplo é María Corina Machado, pré-candidata favorita às eleições primárias de outubro, que alegou ter sofrido ataques do regime em várias ocasiões. Ela também denunciou o uso das Forças Armadas para perseguir candidatos da oposição enquanto buscam votos para as eleições.
Recentemente, Maduro anunciou o retorno das atividades de grupos paramilitares conhecidos como “Cuadrillas de Paz” (Esquadrões da Paz) para proteger o país contra o que ele descreve como “fascismo” e supostas tentativas de golpe da oposição. Essas ações e denúncias destacam a complexa situação política e de direitos humanos na Venezuela.