O Ministério Público do Estado do Piauí (MPPI), por meio do Núcleo de Práticas Restaurativas e Autocompositivas (Nupar), realizou nesta segunda-feira (07/11), nas instalações da sede Leste do MPPI, uma fase subsequente do projeto “Nupar – Reconstruindo Vínculos”. Essa etapa compreendeu uma capacitação focada na prática da comunicação não violenta (CNV) nas relações interpessoais.
O mencionado projeto tem por escopo contribuir para a restauração e o fortalecimento dos laços familiares de adolescentes em situação de acolhimento institucional na cidade de Teresina, bem como incentivar a solução pacífica de conflitos. Neste contexto, a abordagem da CNV foi adotada como uma ferramenta para promover práticas de comunicação eficazes no cotidiano das instituições que aderiram ao projeto e estimular comportamentos colaborativos.
A coordenadora do Nupar, Cynara Barbosa, idealizadora do projeto, enfatizou o objetivo do projeto, afirmando que busca a reconstrução dos vínculos familiares, permitindo que esses adolescentes, que só podem permanecer nas instituições até os 18 anos, tenham uma vida saudável, marcada pelo afeto e acolhimento.
De acordo com o Instituto CNV Brasil, a comunicação não violenta é uma prática destinada a promover uma compreensão aprimorada e colaboração nas relações interpessoais, baseando-se em quatro componentes fundamentais: observação, sentimentos, necessidades e pedidos. Liandra Nogueira, psicóloga do MPPI responsável pela condução da capacitação, destacou a importância da CNV na otimização das relações entre colaboradores e crianças nas instituições de acolhimento, bem como entre os membros da equipe.
No âmbito do projeto “Reconstruindo Vínculos”, o Nupar estabeleceu parcerias com cinco instituições de acolhimento, a saber: Abrigo Masculino de Teresina, Abrigo Feminino, Casa Dom Barreto, Centro de Reintegração e Incentivo à Adoção (Cria Piauí) e Casa de Punaré. Conforme levantamento realizado em 2014 pela Secretaria Municipal de Cidadania e Assistência Social (Semcaspi), metade das instituições de acolhimento sob supervisão do município de Teresina excedem a capacidade de atendimento estabelecida pelas normas nacionais.
Marcos Brito, psicólogo atuante na Casa de Punaré, ressaltou a relevância da ação para a rede de proteção, destacando que ela se alinha às necessidades e particularidades do acolhimento institucional. Ele enfatizou a importância de se comunicar sem recorrer à violência, considerando que muitas crianças e adolescentes enfrentam situações de violência, inclusive a verbal.
Além disso, o Nupar desenvolve um projeto adicional voltado para a Justiça Restaurativa, com o objetivo de incentivar a participação ativa das partes envolvidas na reparação do dano, visando à redução do sofrimento causado e à prevenção da recorrência de conflitos. Michele Rodrigues, servidora do Nupar envolvida na execução do projeto Reconstruindo Vínculos, destacou a importância de buscar o retorno saudável desses adolescentes em situação de vulnerabilidade para suas casas.
Fonte: MPPI.