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Como o novo arcabouço fiscal se encaixa na legislação vigente; entenda como funciona

Aprovado na Câmara Federal o novo marco fiscal, substituindo o teto de gastos. Permite crescimento real das despesas e metas fiscais até 2026.

Rony Torres

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A Câmara Federal aprovou, por ampla maioria, o novo marco fiscal em votação realizada nesta terça-feira (22/08), com 379 votos a favor e 64 contra. Agora, a proposta seguirá para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Este novo marco fiscal irá extinguir o teto federal de gastos que estava em vigor desde 2016.

A principal mudança trazida pelo novo marco é a substituição do antigo teto de gastos, que limitava o aumento das despesas federais ao índice de inflação. Esse sistema foi criado em 2016 durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), com o objetivo de controlar o crescimento das despesas públicas.

Entretanto, ao longo dos anos, o teto de gastos mostrou-se rígido e foi ultrapassado diversas vezes por meio de emendas constitucionais que autorizaram aumentos de despesas. Isso evidenciou a necessidade de uma reformulação na legislação fiscal do país.

O novo marco fiscal permitirá que as despesas cresçam em um ritmo superior ao da inflação, desde que não ultrapassem 70% do crescimento da receita primária (arrecadação do governo com impostos e transferências). Isso será calculado com base nos dados entre julho de um ano e junho do ano seguinte, permitindo que as metas sejam incluídas na proposta de orçamento.

A proposta também estabelece metas fiscais para o governo, incluindo a eliminação do déficit da União até 2024, a geração de superávit primário de 0,5% do PIB em 2025 e um superávit de 1% em 2026. Para 2023, a meta anunciada pela equipe econômica é alcançar um déficit primário de 1% para o governo central.

Uma inovação importante trazida pelo novo marco é a introdução de um intervalo para as metas fiscais anuais. Atualmente, as metas são fixadas com um valor exato. Com a nova regra, haverá uma faixa de valores possíveis. Por exemplo, se a meta for um superávit de 1% em determinado ano, ela será considerada cumprida se ficar entre 0,75% e 1,25%.

Os limites de gastos e as metas poderão ser ajustados anualmente, considerando fatores como o IPCA e o crescimento da receita. Caso a meta seja descumprida, haverá consequências, como limitação do crescimento das despesas no ano seguinte.

A proposta também inclui um gatilho fiscal para forçar o equilíbrio fiscal: quando as despesas obrigatórias atingirem 95% dos gastos totais, isso acionará mecanismos de ajuste para lidar com o descumprimento da meta. O objetivo do novo conjunto de regras é permitir que os gastos públicos tenham um aumento real, acima da inflação, mas em um ritmo mais lento do que o crescimento das receitas, visando reduzir gradualmente o déficit público e estabilizar a dívida pública. A nova legislação busca equilibrar a responsabilidade fiscal e social, favorecendo a redução da inflação e a retomada dos investimentos, promovendo a sustentabilidade financeira do país.

RONY TORRES

Rony Torres é graduado em Direito pelo Centro Universitário Santo Agostinho. Advogado, Pesquisador do Tribunal Penal Internacional, Diretor jurídico do grupo Eugênio, Especialista em direito do Trabalho e Processo do Trabalho pela Faculdade Damásio de Jesus, Pós graduado em Direito Constitucional e administrativo pela Escola Superior de Advocacia do PI, Especialista em Direito Internacional pela UNIAMERICA, pós-graduado em Direito Penal e Processo Penal pela ESA-PI, graduando em advocacia trabalhista e previdenciária pela ESA-MA