
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos, sob a gestão do presidente Donald Trump, revogou uma política da administração anterior que protegia jornalistas em investigações sobre vazamento de informações confidenciais. A decisão, oficializada por meio de um memorando assinado pela procuradora-geral Pamela Bondi, autoriza medidas mais duras contra profissionais da imprensa.
Segundo o documento, autoridades federais passam a ter respaldo para emitir intimações a jornalistas, apreender registros telefônicos e exigir testemunhos com o objetivo de identificar fontes e responsabilizá-las penalmente. O texto descreve o vazamento de dados sensíveis como “um ato de traição” e justifica a possibilidade de prisão de jornalistas que se recusem a colaborar com as investigações.
“A revogação é necessária para proteger as políticas do presidente Trump e a integridade das instituições públicas”, diz Bondi. Ainda de acordo com ela, tais medidas seriam aplicadas como “último recurso” e respeitariam certos limites, como notificações prévias e escopo restrito dos mandados, com o objetivo de preservar a atividade jornalística.
A decisão gerou reação imediata de entidades ligadas à liberdade de imprensa. O Comitê de Repórteres pela Liberdade de Imprensa advertiu que o sigilo de fontes é essencial para reportagens que expõem abusos de poder e defendem o interesse público. A organização lembrou que investigações históricas, como o caso Watergate, só foram possíveis graças à proteção de fontes confidenciais.
Paralelamente, o governo Trump também protagonizou um episódio de pressão contra a emissora MSNBC. Brendan Carr, presidente da Comissão Federal de Comunicações (FCC), sugeriu que a empresa Comcast, controladora da emissora, pode ter violado sua licença de radiodifusão por supostamente omitir uma notícia favorável ao governo.
O motivo seria a ausência de cobertura de uma coletiva de imprensa na qual a Casa Branca afirmou que um imigrante deportado ilegalmente era, na verdade, membro de uma gangue e considerado um terrorista estrangeiro — acusação sem provas, rejeitada por decisões judiciais anteriores. O caso envolveu a figura de Kilmar Abrego Garcia, deportado para El Salvador mesmo após decisão judicial que lhe concedia permanência legal nos EUA.
O presidente Trump usou suas redes sociais para atacar diretamente a MSNBC e o CEO da Comcast, qualificando-os como “desgraça para a radiodifusão”. A crítica pública alimentou a iniciativa de Carr de ameaçar a renovação da licença da emissora, com base em uma antiga regra que proíbe a distorção deliberada de notícias.