O 11º Distrito Policial de São Paulo instaurou um inquérito para apurar um possível crime de racismo envolvendo a advogada e juíza federal do trabalho aposentada Mylene Ramos Seidl, de 58 anos. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo confirmou a abertura do procedimento.
O incidente ocorreu em 19 de dezembro, quando a empresária Jamara de Oliveira Moretti, proprietária da empresa Capital do Mosaico em Santo Amaro (zona sul de São Paulo), dirigiu ofensas racistas a Mylene. A provocação aconteceu após uma funcionária da juíza cobrar a empresária por um serviço que ainda não havia sido entregue.
A expressão pejorativa, “preta desgraçada”, foi proferida por Jamara em uma ligação no viva-voz, sendo ouvida e gravada por Mylene e outras testemunhas presentes no local. A divulgação do caso foi realizada pelo site Jornalistas Livres em 3 de janeiro.
A juíza aposentada, ao relatar o ocorrido, mencionou ter ficado abalada e surpresa com a ofensa. Jamara, ao ser procurada, admitiu o erro, classificando-o como um momento de destempero. Ela reconheceu que não há justificativa para suas palavras e afirmou estar disposta a arcar com as consequências legais.
O desentendimento teve início devido ao suposto atraso na entrega de um mosaico para piscina contratado por Mylene. A magistrada registrou um boletim de ocorrência em 16 de dezembro, evidenciando o pagamento de R$ 12 mil por um serviço não executado, parte de um contrato total de pouco mais de R$ 17 mil, a ser quitado após a entrega completa.
No mesmo dia, Mylene foi ao 11º Distrito Policial para acrescentar informações ao boletim de ocorrência e denunciar o crime de racismo. Ela entregou à polícia a gravação da conversa como prova do ocorrido.
Residindo na Alemanha, Mylene retornou ao Brasil para as festas de fim de ano e considera a possibilidade de ingressar com ações judiciais por danos morais e prejuízos causados pela obra inacabada.
Mylene, que já enfrentou situações de racismo anteriormente, classificou essa como a mais violenta. Ela destaca a necessidade de combater o racismo, ressaltando que não é uma questão de exagero, mas uma realidade enfrentada por mais de 56% da população brasileira.
Jamara, em resposta, expressou arrependimento pelo ocorrido, destacando a composição racial de sua família e afirmando que não foi criada em um ambiente racista. Alegou não saber que a conversa estava sendo gravada e justificou suas ações como uma reação nervosa diante de críticas profissionais.
Após a repercussão nas redes sociais, Jamara afirmou ter recebido ataques, resultando na desativação de sua conta no Instagram e manifestou preocupação quanto à própria segurança ao sair às ruas com seu filho.
Fonte: Direito News.