O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal, abordou a importância da simplificação da linguagem no Judiciário durante a aula magna ministrada para estudantes de Direito na PUC de São Paulo, em 4 de março. O tema surgiu após uma discussão inicial sobre a ‘ameaça de golpe de Estado no século XXI’, na qual o ministro adotou uma postura descontraída e bem-humorada.
Barroso destacou a necessidade de abandonar a linguagem jurídica excessivamente complexa, argumentando que a obscuridade verbal não reflete necessariamente inteligência. Ele enfatizou que expressões complicadas frequentemente denotam falta de compreensão do assunto. O ministro exemplificou termos jurídicos intrincados, fazendo uma analogia humorística com o Kama Sutra.
Durante a exposição, Barroso aconselhou contra o uso desnecessário de latinismos em desuso, como chamar recursos judiciais por termos arcaicos. Contudo, alertou para o equilíbrio, destacando que a informalidade na linguagem não deve ultrapassar limites.
A informalidade do ministro surgiu após considerações sobre a Operação Tempus Veritatis, uma investigação da Polícia Federal envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro em uma suposta trama de golpe de Estado. Barroso criticou a politização das Forças Armadas, classificando-a como prejudicial à democracia, e abordou questões como discurso de ódio e desinformação.
No contexto da crescente preocupação com deepfakes e a manipulação de vídeos, Barroso alertou sobre os riscos associados à inteligência artificial na disseminação de desinformação. Ele sublinhou que a perda da confiança naquilo que vemos e ouvimos comprometeria a liberdade de expressão.
Ao encerrar a exposição, Barroso reiterou a importância de combater a desinformação, destacando que a circulação de informações falsas tornou-se uma estratégia de destruição de reputações no cenário atual.